ESG: ou você adota como prática ou está fora do jogo!

Por Monalisa Gomes

Não dá para negar que estamos num período em que a conscientização sobre assuntos com o meio ambiente, governança sustentável e questões sociais está bem mais avançada do que jamais poderíamos imaginar (ainda bem!). 

Isso vai muito além de apenas uma questão geracional: as novas e antigas lideranças estão mais atentas à prioridade que deve ser dada a esses assuntos e cada vez mais atuantes em busca de como construir um mundo mais igualitário – juntamente com uma sociedade sustentável e consciente.

No mundo corporativo, essa preocupação se dá por meio da sigla: ESG (Environmental, Social and Governance) – que, em português, significa “Ambiental, Social e Governança” – e tem ganhado destaque e engajamento com práticas social e ambientalmente sustentáveis.

Basta considerarmos que, de acordo com um relatório da PwC, 77% dos investidores irão parar de adquirir produtos de empresas que não produzem de acordo com as normas da ESG.

Logo, empresas que desejam se posicionar nessa questão essencial e tão ampla, assim como startups que estão nascendo com a compreensão de que precisam ser fundadas com questões de ESG em vista, já entenderam que essa prática agrega na estratégia e impulsiona a empresa em aspectos como:

  • Inovação;

  • Eficiência e Agilidade Operacional;

  • Marketing e Vendas;

  • Identificação e fidelidade do cliente;

  • E Mapeamento e Gerenciamento de riscos.

Esses e outros fatores serão abordados em detalhes no decorrer desta leitura.

Então, fica aqui comigo e vamos olhar com muita atenção os assuntos tratados neste artigo.

O que é ESG e quais são seus marcadores?

Primeiro, vamos entender como cada uma das três letras de ESG funcionam separadamente.

Ambiental

Esse indicador, entre vários itens, aborda, por exemplo, a energia que a empresa consome, os resíduos que gera e os recursos necessários para seu funcionamento. Além de se preocupar com os impactos que a organização causa na qualidade de vida dos seres vivos.

A emissão de carbono na atmosfera e efeitos climáticos negativos causados para a comunidade também são considerados.

Social

Esse indicador, por exemplo, demonstra os relacionamentos que a empresa constrói com a comunidade onde faz negócios. 

Como parte atuante da sociedade, as empresas devem ter:

  • um corpo de colaboradores inclusivo e diverso;

  • conhecer e reconhecer sua cadeia de partes relacionadas (stakeholders);

  • perceber seu impacto nessa cadeia de valor.

Governança

Esse indicador que, na minha opinião, é o direcionador de tudo e sem esgotar suas possibilidades e importância, está relacionado ao sistema interno da empresa e observa as estratégias que a organização adota em sua atuação, proteção de dados, transparência e políticas, divulgação de informações, composição de conselho e quadro de diretoria; analisa se as decisões são eficazes e se a empresa persegue melhorias nas questões ambientais e sociais.

E, ainda existe um quarto marcador, muito bem defendido por Sônia Favaretto, que é o “E” de Economic, que deve ser incorporado à sigla e compor o EESG.

Esse marcador econômico é aquele que defende a sustentabilidade interna, ou seja, o resultado financeiro, a lucratividade do negócio e o interligar das estratégias.

Ao contrário do que muitos céticos acreditam, além de um alto impacto na reputação e financeiro, trazem uma série de benefícios, como demonstra este estudo feito pela Universidade de Harvard:
Performance de ESG nas empresas| Descrição da imagem: gráfico demonstrando a performance de empresas com esg.)

Uma boa baliza, pode ser acompanhar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil. E entender como você pode posicionar a sua empresa ao assumir uma ou mais das ODS no seu negócio.

Eles podem ser conhecidos neste link.

Capitalismo Consciente

A ideia de ESG também converge com um outro conceito, que eu chamaria de “conceito-irmão”, o capitalismo consciente.

Quem pensa que o mercado só segue a lógica predatória e utilitarista, que tornou a imagem do mundo empresarial negativa aos olhos do público, está por fora.

Estamos diante de um novo cenário que olha para:

  • Diversidade

  • Inclusão

  • Inovação

  • Abertura 

E as empresas que possuem tudo isso e aceleraram a implementação de práticas ESG lideram este novo momento.

Uma prova disso é a própria B3 (Bolsa Brasileira), que mudou a metodologia de índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e permitiu que os investidores acompanhassem a agenda ESG das empresas na Bolsa desde janeiro de 2022.

A ideia por traz do capitalismo consciente vem do livro com o mesmo nome de John Mackey, co-CEO da Whole Foods Market, e do prof. Raj Sisodia.

Como eles descrevem, o capitalismo consciente é uma forma de “pensar sobre o capitalismo e os negócios, de maneiras que reflitam melhor onde nós estamos na jornada humana, no estado atual do mundo hoje e no potencial inato aos negócios de criarem um impacto positivo no mundo.”

Essa ideia pode servir como um outro parâmetro para pensarmos a ESG. Porque da mesma forma que ESG serve para orientar as lideranças, para a maneira que suas organizações podem lidar com cada um dos seus indicadores, o capitalismo consciente coloca as organizações dentro de um panorama sócio-mercadológico ainda mais amplo.

A meu ver, é porque descobrimos que quando pensamos de maneira consciente e sustentável, nós avançamos.

E vou oferecer cinco exemplos de áreas em que o cuidado com a ESG e com a consciência evidenciam esses avanços.

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Dados e Planejamento | Descrição da imagem: mesa de reunião na empresa com pessoas apontando para papéis com relatórios em gráficos)

5 áreas exemplos para avançar com ESG

Inovação

Essa nova modalidade de pensamento orientado à sustentabilidade pode trazer diversos fatores positivos no ambiente de trabalho como, por exemplo, estímulo à inovação.

Adotar práticas sustentáveis ajudam as empresas a oferecerem serviços melhores e que são capazes de proporcionar valor a longo prazo para a sociedade e para o planeta.

 

Muitas empresas já estão repensando seus produtos e buscando iniciativas como o design circular, uma forma de produção que visa um mundo sem lixo e elabora produtos pensados para serem reaproveitados.

 

Uma grande marca que desenvolve seus produtos através do design circular é a Nike, que utiliza materiais pós-industriais reciclados nos lançamentos de novos produtos, como o novo sneaker Nike Air Vapormax Flyknit e toda a coleção Revival, que conta com camisetas, moletons e windrunners.

 

Os consumidores estão cada vez mais preocupados com os valores da empresa. Eles são leais a marcas que se alinham com suas próprias crenças e são rápidos em rejeitar marcas consideradas prejudiciais à sociedade ou ao meio ambiente.

Eficiência Operacional

Uma gestão baseada em sustentabilidade ajuda a melhorar a eficiência operacional, pois permite:

 

  • uma visão mais ampla do futuro;

  • redução de custos;

  • evitar o desperdício e o desgaste de recursos naturais.

Tudo isso contribui para aumentar a lucratividade do empreendimento. 
Através de análises de KPIs é possível tornar as decisões mais eficientes, identificar futuras tendências e prevenir os negócios de desperdícios desnecessários. 

Vendas e Marketing

Com uma sociedade mais informada, consumidores estão dispostos a pagar a mais por produtos que estejam alinhados com seus valores. 

 

Marcas que ofereçam produtos e serviços sustentáveis vão se destacar, uma vez que os hábitos de consumo estão mudando e a prioridade deve ser atender às novas demandas baseadas na busca por uma sociedade melhor.

 

Uma análise de dados do IRI, um instituto de pesquisa de mercado americano, mostrou que produtos promovidos com o selo sustentabilidade cresceram 5,6 vezes mais rápidos que os demais, o que demonstra a preocupação e atenção dos consumidores ao tema.

Lealdade do Consumidor

Entregar serviços sustentáveis é a porta de entrada para garantir fidelização do consumidor, especialmente os da Geração Z em diante, que já correspondem a 24% da população brasileira, segundo um estudo do Itaú BBA de 2019.

 

Investir nas métricas de benchmark de sustentabilidade para elaborar estratégias de preservação da natureza contribui para a construção de um setor mais consciente, além de estabelecer uma relação de confiança entre a empresa e o consumidor.

Gerenciamento de Riscos

A opinião dos consumidores e investidores pode ser afetada drasticamente diante de escândalos decorrentes de impactos ambientais. 

 

Pensar dentro de uma ótica ética, transparente, íntegra e responsável permite que as empresas diminuam os riscos de impactos financeiros negativos, mesmo quando essa prática exige, em um primeiro momento, um desembolso de caixa maior ou até mesmo lucratividade menor, mas que a longo prazo pode prevenir escândalos ou até mesmo desastres ambientais. 

 

A Vale, por exemplo, teve uma queda de 24% em seus rendimentos após Brumadinho, o que, em termos monetários, representou uma perda de 72 bilhões em valor de mercado, sem contar outros tantos em recuperação de imagem e confiança.

Conclusão

A pandemia trouxe um novo panorama e as empresas que aceleraram a implementação de práticas ESG demonstraram maior resiliência diante de momentos de crise e maior solidez ao apresentar estratégia de retomada e entendimento de momento e mercado.

 

O século XXI exige esse pensamento e condução da prática nas empresas em incorporar ESG ao negócio, independentemente de quantos anos ela esteja no mercado. 

 

O “sempre foi assim” não tem mais espaço e precisa ser revisitado se a ideia é buscar e apresentar uma forma de melhorar a gestão e longevidade dos negócios. 


Tendo em mente que, agora, os investidores buscam empresas que pensam além da lucratividade; e os consumidores, por marcas que olham para além do seu próprio “mundo”.

A PERGUNTA É: E você? Está atento e aproveitando os benefícios que as mudanças e forma de pensar estão trazendo para o mercado e para o mundo? Já se posicionou e assumiu seu papel nesse todo?

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